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Lista em protesto pensado durante a Copa surpreende diretoria do Bota

Enquanto o futebol brasileiro estava em banho maria durante a disputa da Copa do Mundo, o grupo do Botafogo treinava intensamente para se ajustar em campo e melhorar seu rendimento no Campeonato Brasileiro. Mas também estava discutindo com veemência a possibilidade de fazer um novo protesto contra os atrasos de salário. O planejamento foi finalmente executado na primeira partida da equipe no Maracanã pós-Mundial. O Alvinegro entrou em campo para enfrentar o Flamengo, no último domingo, exibindo a seguinte mensagem: “Estamos aqui porque somos profissionais e por vocês, torcedores – 5 meses de imagem, 3 meses de carteira, FGTS”.

O cartaz foi a segunda manifestação pública feita pelos jogadores do Botafogo em 2014 contra os atrasos. A primeira ocorreu na semana daquele que até então era o jogo mais importante do ano. Numa quarta-feira, dia 2 de abril, o Alvinegro enfrentaria o Unión Española, no Maracanã, pela fase de grupos da Libertadores. Uma vitória garantiria a classificação para as oitavas de final com uma rodada de antecedência e confirmaria o primeiro lugar no grupo. No sábado anterior iniciaram-se  protestos antes dos treinos, com os atletas sentando no gramado antes da atividade. O treinamento de domingo foi cancelado, e os protestos ocorreram novamente segunda e terça. Na quarta o Botafogo perdeu por 1 a 0 e posteriormente foi eliminado ao ser atropelado pelo San Lorenzo na Argentina, perdendo por 3 a 0. A sensação foi de que as manifestações do elenco ao longo daquela semana desviou o foco do jogo.

Então, os líderes decidiram adotar uma estratégia diferente para protestar, na qual a rotina do dia a dia não fosse modificada. O grupo entendeu que o cartaz seria uma maneira mais “pacífica” de cobrar soluções da diretoria, que convive com 100% de suas receitas bloqueadas por conta de dívidas fiscais e tributárias.

- Todos nós envolvidos com futebol sabemos a dificuldade financeira que o clube passa. Acho que os atletas, de uma maneira saudável e elegante, precisam demonstrar seus problemas - definiu o atacante Emerson Sheik antes do início da partida.

Durante a semana do clássico contra o Flamengo, o técnico Vagner Mancini e a diretoria foram informados pelos jogadores de que haveria uma faixa no Maracanã abordando o tema do profissionalismo. Mas o conteúdo completo da mensagem era desconhecido até mesmo de alguns atletas, que deixaram os líderes com liberdade total para externar o problema com a mensagem que melhor entendessem. No entanto, as linhas finais do cartaz, que detalhavam os pagamentos em atraso, pegaram a diretoria de surpresa, e, nesse aspecto, o clima interno foi de descontentamento.

- Existem manifestações externas e internas. A real situação econômica do Botafogo é dita com toda a clareza para todos. Fui avisado de que teria a faixa. Disse aos jogadores que não via necessidade, mas já que fizeram, tudo bem. Mas quando ela subiu ao campo, vi que tinha algo mais escrito. Não acredito que tivesse necessidade, porque todo mundo sabe. Além disso, acho que as coisas podem ser tratadas internamente. O torcedor quer é vitória. Ele também trabalha e sabe que é digno do seu salário. O importante é produzir. Seja jogadores, diretoria e presidente. Só com o trabalho de todos o Botafogo vai sair dessa situação - afirmou o diretor técnico Wilson Gottardo.

Após a derrota do Botafogo por 1 a 0 para o Flamengo, o técnico Vagner Mancini mostrou-se tranquilo quanto à manifestação dos jogadores e à reação a essa atitude.

- Não tenho medo da reação. O torcedor é inteligente, sabe as dificuldades que o clube está passando. Sabem que foi um manifesto ao time e aos próprios torcedores - disse.