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No Clássico Vovô, Flu, na teimosia, usa cabeça, vence Bota e embola G-4
Dizem que a experiência anda de mãos dadas com a teimosia. Foi o que se viu no Clássico Vovô na noite deste sábado. No gramado do Maracanã pesado pela chuva, dois "velhinhos" travavam duelo à parte: o Fluminense sonhava vencer para voltar ao G-4 - dependendo de combinação de resultados - repetindo sem parar a jogada aérea. O Botafogo queria os três pontos para seguir na luta de não ser rebaixado insistindo nos contra-ataques durante os 90 minutos. E depois de tanto cruzar e cruzar para a área, o Tricolor conseguiu o seu gol de cabeça e levou a melhor. O potiguar Edson, de 23 anos, testou firme e marcou o gol da vitória, aos 28 minutos do segundo tempo.
O triunfo tricolor de 1 a 0 deixou o Flu com 57 pontos, em 5º lugar, embolado na briga pelo G-4, e fez a felicidade dos tricolores, que foram ao Maracanã em maior número do que os rivais - a renda, de R$ 685.900, teve público pagante de 19.709 e 22.608 presentes. Em situação mais dramática, o Botafogo segue com 33 pontos e na amarga 18ª posição. Na próxima rodada, a de número 35, os dois clubes cariocas terão pela frente adversários catarinenses. O Tricolor receberá no Maracanã a Chapecoense, na quinta-feira. O Alvinegro enfrentará na véspera, na quarta, o Figueirense, em São Januário.
Teimosia sem gol
Os dois times sabiam da necessidade de vencer, mas cada um entrou com uma estratégia. E ambos deixaram o primeiro tempo sem balançar a rede. O Flu mais ofensivo, mas também mais óbvio. O lema parecia ser "todas as bolas aéreas para o Fred". Seja com Chiquinho, pela esquerda, ou Jean, pela direita, a dificuldade foi grande. Primeiro porque o lateral-esquerdo errava os cruzamentos. Segundo porque a zaga alvinegra estava bem posicionada e marcava bem o atacante. Com Wagner se limitando a toques laterais e Sobis sem achar posição, era Conca quem armava com lucidez, mas tinha pouco espaço. Marcelo Mattos, onipresente no retorno, era um dos cães de guarda.
E foi o camisa 5 quem deu o primeiro susto na partida. O Botafogo se defendia com muitos e sabia que precisava atrair o adversário para dar o bote no contra-ataque, explorando a velocidade de Jobson. E ele sofreu falta logo no começo. Régis cobrou, Marcelo Mattos cabeceou para boa defesa de Cavalieri. O time seguiu rezando a cartilha e, aos 25 minutos, viu Carlos Alberto, até então bem marcado por Valencia, livre, perder a maior chance. O camisa 19 tentou firula a mais e deu tempo a Marlon de prensar a bola. Foi a senha para algum tricolor arriscar, nem que fosse de fora da área. Edson tentou, mas sem direção. Precisou Conca dar caneta em Andreazzi daquelas de valer o ingresso para o Flu acordar mais no jogo. Logo, logo, Sobis deu mais emoção, batendo cruzado para Jefferson brilhar. Fora isso, a equipe não transformou o domínio em chances de gol.
Testada firme de Edson
Na segunda etapa, o Flu seguiu em busca do gol. E o Botafogo, no contra-ataque, teve mais uma chance, em arrancada de Andreazzi. Mas o jogador bateu em cima de Cavalieri. Dessa vez, o Flu acertou no troco: Jean finalmente cruzou na cabeça de Fred, e a bola foi para fora, mas chegou perto do gol. O time insistia no jogo aéreo. O centro de Chiquinho encontrou Conca livre para a cabeçada, mas Dankler salvou o que poderia ser o primeiro gol da partida. Toma lá, dá cá. E já sem Jobson e Andreazzi, mas com Gegê e Bolatti, o Alvinegro assustou no lançamento para a velocidade de Murilo. Mas o jogador encobriu demais Cavalieri e a trave.
Cristóvão resolveu mexer, e sacou Sobis para pôr Walter. Logo depois, o gol tricolor: Wagner acertou um cruzamento, e Edson, elétrico na partida, subiu mais alto que a zaga alvinegra e testou firme, aos 28. Jefferson ainda tocou na bola, mas nada pôde fazer: 1 a 0 para o Flu. O Botafogo foi obrigado a se soltar mais ao ataque, e o Flu seguiu na teimosia das jogadas aéreas. No fim, em meio ao desespero alvinegro, a torcida tricolor pedia "olé". Walter, perto da bandeirinha de escanteio, deu sua sambadinha. Era hora de segurar o resultado e comemorar. A briga pela Libertadores está mais viva do que nunca. O Botafogo segue no drama para não ser rebaixado.